Uma carta inédita de Rodrigues Lapa (1982)

Retomando a revisão e seleção das milhares de cartas do Acervo Fontenla no Arquivo da AGLP, para a segunda fase do Projeto orientado à digitalização da parte mais relevante em termos de política linguística e história cultural, topamos esta carta de Manuel Rodrigues Lapa a José Luís Fontenla, datada em Anadia, 4 de setembro de 1982.

Reproduzimos por ser um testemunho precioso e revelador da importância e influência de Lapa na orientação e internacionalização das primeiras fases do reintegracionismo; e também exemplo dos seus trabalhos diplomáticos e esforços por aliciar diversos ativistas galegos e colocar a Galiza, como igual, nos espaços intelectuais, académicos e literários português e brasileiro.

Visto na distância dos anos, o compromisso galeguista de Lapa resulta verdadeiramente assombroso; poucas vezes se poderá aduzir uma entrega tão generosa e consciente à causa da Galiza; combinada com um profundo conhecimento da história e da literatura galega e também do momento, dos atores e contexto que definiriam a língua galega e a sua institucionalização falhada nos anos 70 e 80.

É interessante destacarmos as outras figuras, para além de Fontenla, citadas por Lapa como interlocutores na carta: Leodegário A. de Azevedo Filho, Domingos Prieto Alonso, José Martinho Montero Santalha e Ricardo Carvalho Calero. Os professores Carvalho Calero e Azevedo Filho escusam qualquer apresentação; o professor Montero Santalha é uma das grandes vozes académicas e um dos mais destacados vultos do movimento reintegracionista dos anos 70 até hoje.

A figura de Fontenla, destacadíssima nos anos 70-90 e depois apagada, está exigindo a biografia que ponha em valor os seus trabalhos esforçados e orientações pioneiras. Talvez também cumpra hoje destacar a também apagada biografia de Domingos Prieto, falecido há poucos anos, académico, docente excecional e ativista também muito ativo nas primeiras fases do reintegracionismo.

 

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