Isto não é uma resenha

Por Luís F. Figueiroa

Por vez primeira escrevo a recomendar um próximo livro, tão próximo quanto estar eu mesmo aqui à mão de semear e não haver ao meu lado mais ninguém, sem eu estar capacitado para uma sisuda análise literária, nem ser eu, certeza, a pessoa mais indicada para tal encomenda ou qualquer coisa do género.
Muito pelo contrário. Deixo análises e referências literárias para o prólogo que, por sinal, também partilho, neste excerto interesseiro, enquanto parte ou troço partido, implicado, excerto ou retalho dum retalho dos retalhos do autor, tal como o livro.
O autor, João Padrão não é português, ou talvez seja. Não é vivo, ou talvez sim, para todo o sempre, tanto quanto vivas podem ser as cores com que pintou seus quadros, deitava cartas no correio ou deitará talvez ainda o chá a fumegar na sua chávena na hora certa, como bom gentleman galaico.
À hora do chá, five o ́clock, é agora apresentado. E o livro que não é livro nos atravessa pungente, em italiano, francês ou (como não podia ser doutro jeito) a brincar com a última flor do Lácio fazendo que atravessemos o que quer que a cultura da Europa seja hoje de lés-a-lés. Ceci n’est pas une pipe, isto não é um autor, não é um filho, não é um livro, são proclamas ao vento entregues a quem as lê, porque como é sabido, o autor acreditava na morte do autor e “a obra só às leitoras pertence”.
Isto não é um epitáfio, não é uma homenagem ou uma dor ancestral que atravesse o pai Minho que não veio para aqui chamada.
Isto não é um artigo, não é uma resenha, mon père, porque tudo ainda está por se escrever neste eterno retorno a Ítaca sempre adiado. Enquanto isso, o autor continuará provavelmente de norte a sul a surpreender-nos com novas obras.
Ei-las, fotografias urgentes, publicidade de livro esgotado sem nunca ter ido a público, um poeta ausente a apresentar-se, inspiração oculta a influir sempre novos projetos sem ninguém saber. Caminhos abertos para uma nova geração de obras carregadas de poesia. Eis a “A ansiedade da influência – Um poeta apresenta-se

 

 

 

 

 

 

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